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domingo, 15 de fevereiro de 2015

Por que gostei de 50 Tons de Cinza

Admito que toda a barulheira em torno do “50 Tons de Cinza” atiçou em mim a vontade de assistir a mais um filme baseado em trilogias da literatura internacional. Claro, dessa vez com um ingrediente a mais: polêmicas.

Cheguei a ler alguns textos – e acessar um vídeo ou outro também – com críticas diversas, como história superficial, roteiro mal adaptado (parte das reclamações vinha do fato de as cenas de sexo selvagem explícito do livro terem sido cortadas) e a visão de que a mulher é submissa ao homem na área que for. Tudo isso despertou a curiosidade de saber se, afinal, a obra é o diabo que se pintou. Enfim, seria um bom filme?

Bom não. Ótimo!

Aqui vão algumas considerações para quem só ouviu falar do enredo e prefere dar sua opinião baseada na opinião de outras pessoas que também não conhecem a história:

  1. Não, não é uma obra pornô. Mas falo isso pelo filme. Tem sexo? Tem. Mas como parte não apenas de um relacionamento como também de Christian Grey. Aliás, a violência com que ele gosta de tratar suas parceiras na cama (e apenas nela, embora ele cultive, no dia a dia, uma certa tendência de criança mimada que faz o que quer) se explica pelo seu passado que, até onde sei, deve ser melhor explicado na sequência do “50 Tons de Cinza”;
  2. Não, Anastasia não é idiota e, muito menos, não é vulnerável e tampouco concentra em si “todas as inseguranças femininas” que traduziriam, segundo interpretações (equivocadas, na minha visão), a submissão da mulher ao homem. O que existe é uma jovem tímida, quase introspectiva, que se vislumbra com as características totalmente opostas de Grey: segurança, dominação, objetividade, coragem e falta de vergonha na cara, em alguns momentos. O que, de acordo com centenas de casos na psicologia, é perfeitamente normal, ou seja, uma admiração pela pessoa que tem tudo o que você gostaria de cultivar em si próprio;
  3. Não, ninguém é obrigado a se submeter a qualquer coisa. Pelo contrário, os termos são tão honestamente explicados que gera um certo desconforto, chegando ao cúmulo de Anastasia precisar assinar um contrato especificando como e qual será a relação entre as personagens. Novamente temos um problema de infância mal resolvida, fruto da formação e do desenvolvimento de Grey (mais detalhes no segundo filme, ao que tudo consta). Mas nada que reflita a sociedade, pelo contrário,
  4. Para finalizar, o primeiro filme mostra uma evolução (rápida demais, até) de Anastasia como mulher. Se ela começa como uma aluna de literatura sem sal, sem atrativos e sem experiência, termina sabendo o que quer da vida. Como? Experimentando. É o que todos fazemos, diariamente, e o que nos permite ter bagagem para escolher o melhor a nós mesmos. Se ela fez uma escolha errada ou não, os fatos dirão, mas o que importa é ter partido dela a vontade. E quem pode reclamar das escolhas dos outros que não afetam as nossas vidas?

Em resumo, é isso. Tecnicamente, gostei muito da trilha sonora e da edição, mas achei que a continuidade ficou bastante comprometida em dois trechos (pontos para a minha namorada, que brilhantemente percebeu esses erros). Atuação da Anastasia, na minha opinião, surpreende, mas nada que mereça um Oscar.

De qualquer forma, fui com a cabeça aberta assistir, e voltei do cinema com um gosto de “quero mais” do desenrolar das histórias. E, por incrível que possa parecer, digo: vá também! Mas deixe em casa o preconceito, porque você não precisará dele no cinema.
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