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domingo, 28 de outubro de 2012

O futebol e o passo do caranguejo



Prometi a mim mesmo não escrever sobre futebol, mas um lance nessa rodada estranha do Brasileirão (que começou em dia útil e foi terminar no sábado) me motivou a abandonar o silêncio: um gol de mão.

Para quem não sabe, o Palmeiras teria empatado a partida contra o Internacional não fosse a interferência do quarto árbitro – que, até onde parece, recebeu informações do delegado do jogo. O alviverde paulistano teve o gol de Barcos devidamente anulado, mas a discussão não parou aí. O mais irritado com a situação é Gilson Kleina, técnico da equipe, que reclama da marcação – não por ela em si, mas pelo aviso vindo de fora. Ele afirmou, inclusive, que se o futebol usar a TV vai acabar ficando chato igual ao tênis.

Vamos então a duas ponderações: o gol foi irregular. O que pesou para toda essa barulheira vinda do Palmeiras não foi a interferência externa, mas sim a sua colocação na tabela. Exatamente dez anos depois do rebaixamento, há a possibilidade clara de novo descenso, e em meio a uma (recorrente) briga política na diretoria do clube em época de eleição (para a presidência da equipe). Ou seja, o motivador da briga, na verdade, foi o desespero: no afã de não cair, vale tudo – até pedir pra regularizar um tento ilegal.

A segunda observação é em relação à frase de Kleina. Fiquei curioso. Quer dizer que, em nome de uma campanha pífia, ridícula, para não dizer desonrosa, travestida de “a essência do futebol”, somos obrigados então a aceitar gols de mão? A lógica não está meio invertida, não?

Há muito se discute a implementação de tecnologias no esporte. Kleina pode não saber, mas Roger Federer, um dos melhores tenistas de todos os tempos, vai jogar no Brasil. Se o tênis fosse assim tão maçante, os ingressos para assistir ao suíço não se esgotariam em questão de horas. E olha que cada jogador pode pedir três revisões por set.

Kleina também pode não estar a par, mas o evento mais valioso do mundo é a NFL, a liga estadunidense de futebol americano. Movimentou US$ 12 bi em 2011, “apenas” cerca de US$ 8,35 bi a mais que a Copa do Mundo da África do Sul (em 2010, foram US$ 3,65 bi arrecadados com o futebol). E olha que lá na terra do Tio Sam os times podem pedir revisão.

O mundo e as tecnologias se desenvolveram e evoluíram. O futebol parou no tempo. Enquanto as suas velhas lideranças, encabeçadas pela FIFA, atrasam os debates sobre o uso de revisão de jogadas por vídeo, por exemplo, o esporte que faz todo brasileiro se apaixonar vai ficando para trás. Passo de caranguejo não traz justiça. Muito menos patrocinadores. 
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