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sábado, 21 de julho de 2012

As bicicletas da discórdia


Estamos nos acostumando a pensar cada vez menos em soluções verdadeiras e começamos a nos preocupar com o politicamente correto, muitas vezes sem considerar causas, efeitos e viabilidade. Exemplo claro são as ações sustentáveis por um mundo melhor e mais limpo, com as recentes implantações de ciclovias e incentivo a bicicletas, ao menos na cidade de São Paulo. Linda utopia, mas falaciosa.

A maior metrópole do Brasil, em primeiro lugar, possui também a maior frota de automóveis do país: quase 6,4 milhões de veículos, segundo dados de fevereiro do Departamento Nacional de Trânsito (Denatram). Isso equivale a mais do que a metade da população paulistana. Ou seja: São Paulo é motorizada. Já existe na cidade um grande desconforto com as motocicletas, que muitas vezes não respeitam as leis de trânsito e acabam por proporcionar dores de cabeça que vão desde espelhos quebrados a graves acidentes – uma vez que, por mais atenção que se tenha, nem sempre é possível visualizar os motoqueiros, até porque geralmente eles não andam em fila, como estabelece a legislação.

Oras, se para motos - que precisam parar nos semáforos, andar nas faixas, ter todo um equipamento de segurança, enfim, estão sujeitas às mesmas regras e punições dos carros - já existe resistência, para as bicicletas, então, não há nem ao menos de se deixar entrar nas pistas.

Não há como tentar ser otimista: as grandes montadoras hoje investem milhões em suas fábricas no Brasil, gerando alto lucro e trazendo dinamismo a municípios afastados, o que, por sua vez, permite um certo grau de urbanização e industrialização, que pode servir como alavanca para melhorar a economia local e trazer cada vez mais dinheiro para uma região. E a cidade de São Paulo, em específico, hoje, está tomada por automóveis, com perspectivas de aumentar o número citado acima no texto. A solução para desentravar os congestionamentos e, de quebra, diminuir a poluição, é uma só: limitar a venda e a produção de carros. Mas isso não irá acontecer.

Soma-se a isso o fato da própria cidade não ser plana, dificultando a locomoção, e a falta de educação de muitos ciclistas, que teimam em andar no contrafluxo, muito abaixo da velocidade média praticada nas vias. Perigo para os dois lados.

Dessa forma, o melhor para todas as partes é que as bicicletas permaneçam como meio de lazer e esporte que são, ao menos em lugares como a capital paulista. Assim, resguarda-se a vida de pessoas que acham que podem mudar o mundo apenas com atos individuais – e, pior, pensando que, ao andar por uma Marginal ou Avenida Paulista em uma bike sem regulamentação, emplacamento, sinalização e equipamento de segurança, estarão fazendo um bem a todos os demais. Ledo engano.

Obs.: favor notar a proximidade das eleições com as promessas de novos projetos para ciclismo em São Paulo. Grato.
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