Imagine-se pai/mãe de família. Você, com 50 anos, dois filhos (nenhum neto ainda, espero) e um(a) companheiro(a). Aproximam-se as férias, todo mundo ansioso para conhecer os castelos ingleses, as pirâmides egípcias ou os campos da Nova Zelândia. Mas, fazendo as contas, o dinheiro não dá para tanto. Aliás, se quiserem continuar com a TV a cabo e a internet banda larga, terão que descansar em casa, mesmo. O(a) seu(sua) marido(esposa) refaz as matemática residencial e confirma a sua previsão. Os jovens tentam argumentar, mostrar alternativas, mas os fatos são claros. Conclusão: não tem castelo, pirâmide ou campo.
Grosso modo, apenas para leve ilustração, basicamente, política funciona assim. Estamos ligados a ela todos os dias, mas não percebemos. Sua importância é incomparável, embora a neguemos constantemente. E, pior, orgulhamo-nos em levantar a bandeira do “não gosto de política”. Por quê? A minha opinião: pessoas honestas que somos, não nos misturamos com a gentalha de Brasília.
O maior problema começa aí mesmo. É de conhecimento geral a corrupção que assola a capital do país, as capitais dos Estados e os municípios em geral. Em vez de agirmos – seja por meio de passeatas, seja da forma como pudermos -, não, reclamamos e esperamos sentados o início da novela – um espaço maravilhoso em que heróis triunfam sobre bandidos, e estes são devidamente punidos. Mas a vida real não funciona assim.
Nós temos o maior cuidado com as finanças internas, certo? Ou você gasta sem saber se pode pagar? Imagino que você também se preocupe com o caminho que o dinheiro toma – se a quantia foi mesmo para o colégio, ou para pagar determinada prestação, etc. Oras, se você se preocupa com isso, por que não se preocupar também com o destino dos recursos separados para a escola pública na qual o seu filho não estuda? Ou então se o repasse para o hospital público, o qual você não usa, está sendo bem gerido?
Às vezes me dá uma vontade de olhar pro espelho e ouvir da minha imagem: “Trouxa! Você paga impostos sobre todos os serviços do Estado e não usa nenhum!”. Talvez eu respondesse assim: “Ué, mas vou usar um serviço ruim?”. E a tréplica do reflexo seria: “Quando o sinal da sua TV está um lixo, você não liga reclamando? Então, por que não toma alguma atitude frente ao uso do seu dinheiro, abestado?”.
Entendo a raiva guardada da população em relação aos políticos; não me entra na cabeça, porém, essa inércia ridícula, essa falta de interesse inexplicável, que faz com que a situação não se altere. A cultura passiva do nosso povo permite a cultura ladra de muitos políticos – há exceções -, e assistimos a esse show resignados, imaginando-nos heróis, aguardando os bandidos serem punidos. Mas a vida real não funciona assim.
PS: sim, usei Chaves! E sim, usei outra figura hilariante, não fosse tão trágica...
Poxa, mas é tão mais agradável reclamar pro roommate do que ter que sair, se organizar, panelar, protestar aí nesse frio!
ResponderExcluirA vida é curta(?) e eu não vou perder meu tempo me queixando.
Minha tevê a cabo me chama.
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