Há em São Paulo uma rua marcante, na região central da cidade, que é a cara da metrópole: Augusta. A Avenida Paulista a divide em dois trechos opostos, mas ainda assim com mesmo nome. Hoje, ela ainda apresenta traços da prostituição, do lado que vai ao Centro antigo, e por lojas de grife e roteiros culturais, de outro.
O lado “cara”
Faltavam quinze minutos para as seis horas da tarde quando cheguei à Avenida Paulista. Naquela sexta-feira, 5 de novembro, o movimento era intenso, e o céu parecia querer nos mostrar que, em breve, veríamos chuva. Entrei na Augusta e comecei a descer até o seu início, na Praça Roosevelt. A maioria dos bares e das padarias já estava ocupada, mas havia mesas para quem quisesse descansar e beber alguma coisa. Conforme avancei, fui tentando traçar o perfil de quem caminhava: predominantemente pessoas jovens, embora houvesse também vários adultos. Algo incomum nos bairros periféricos, avistei um casal gay indo em direção à Paulista – e, logo em seguida, um casal de lésbicas. Duas garotas, ora na minha frente, ora atrás de mim, berravam entre si o caminho que percorreriam.
As lojas, reparei, iam ficando “mais fechadas” à medida que me aproximava do Centro. Explico: quanto mais eu descia, menos lojas abertas eu via. Alguns poucos bares noturnos começavam a abrir, mas a clientela ainda estava bem escassa. A rua ia se tornando cada vez menos bonita – os muros de casas e prédios estavam competindo para ver quem estava mais pichado. A quantidade de pessoas era bem menor do que no cruzamento com a Paulista, e a impressão era de que elas estavam lá de passagem, sem muita vontade de permanecerem. Não havia motivo para tanto. Ainda.
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Continua...