A Internet revolucionou, dentre inúmeras coisas, não só o modo como lemos, mas também a forma como escrevemos. Já é praxe de boa parte das pessoas, por exemplo, abreviar várias palavras para poupar tempo em uma conversa ou diminuir o número de caracteres em um tweet. Mas as mudanças não se restringem a isso.
Vemos muitas redações escolares, ou mesmo simples frases, escritas de maneira incorreta – e dá pra perceber facilmente que esses erros são os mesmos encontrados em meios tais quais o MSN, o Twitter ou qualquer outra ferramenta criada para comunicação interpessoal na Internet. Criou-se, assim, um grande mito: a Web emburrece.
Mito, sim, pelo menos para mim. O real problema acontece quando as crianças não aprendem na escola a escrever certo, e acham que aquela é a grafia correta. Se os pais e os professores não acompanharem e corrigirem o aluno, pode ser no Orkut, Facebook ou numa folha de papel, o resultado será o mesmo: “mais” (conjunção), “atraz” e outras atrocidades ao velho idioma. Pior ainda são os políticos tentarem oficializar o assassinato à Língua Portuguesa sob pretexto do preconceito linguístico; nesse caso, não há discriminações: o que está errado não se discute, está errado e pronto.
Então você me pergunta: mas as línguas não mudam? Sim, elas são dinâmicas, estão sempre em transição. Porém, há uma grande diferença entre aprender errado e “alterar” uma palavra. As regras e convenções existem para facilitar ao leitor a compreensão daquilo que o autor quis passar. Ou seja, errar na regra significa complicar a leitura e, por consequência, não ser entendido – ou, mais grave, ser entendido erroneamente.
O parágrafo acima serve tanto para um computador quanto para um caderno. As mídias sociais, o telefone celular e um post it são apenas meios para se expressar, assim como as paredes das cavernas se mostraram úteis para os nossos antepassados longínquos ao servir-lhes de base para as pinturas rupestres. Condenar a mídia pelo desempenho pífio da educação no Brasil é o mesmo que afirmar ser um bloco de notas o responsável pelas frases nele escritas. Ou seja, é tentar esconder o verdadeiro problema.