Por mais que o ser humano sempre tente colocar uma ordem nas coisas, elas sempre mudam. E isso não é ruim (em um post, comentei exatamente sobre as novas gerações musicais), pelo contrário, mostra que o Homem é dinâmico. Por isso mesmo precisamos frequentemente questionar o modelo atual e analisar se ele atende às novas ideologias. Afinal, não somos cavalos com cabrestos acoplados.
Atualmente, um assunto que vem despertando bastante discussão é a descriminalização no porte de maconha. Eu sempre fiquei na dúvida entre ser contra ou a favor (admito, pendendo para o segundo), mas depois de assistir ao documentário “Quebrando o Tabu”, acho que já me decidi, ao menos temporariamente.
Fico pensando comigo que ser viciado é estar em uma posição complicada: em tese, a decisão de se viciar ou não pertence a você, ou seja, um argumento até que válido seria que a pessoa vicia porque quer. Mas não dá pra resumir tudo desse jeito. As nossas opções se baseiam na história de vida pessoal – embora “dar um tapa” seja opcional, na cabeça de um adolescente, ficar de fora de um grupo não é. E não deixa de ter razão: todos nós precisamos nos enturmar, nos sentir parte de algo maior – mas isso tem os seus custos. Pode ser que você só precise renunciar a algumas horas do seu joguinho preferido, e pode ser que você precise fumar maconha. E aí, o que fazer?
O grande problema quando vamos julgar alguém é que geralmente não passamos pelas mesmas experiências de vida do condenado e tendemos a cravar: “se fosse comigo, eu teria dito não!”. Muito heróico, concordo, mas será mesmo? Enquanto estamos em nossos momentos de paz tudo corre bem; mas e quando a situação foge do controle? Então, o corpo começa a pregar peças que só ele é capaz, e ninguém sabe o que acontecerá dali em diante...
E se engana quem pensa ser fácil parar. Muitas vezes, nem com ajuda profissional o corpo consegue se recuperar dos danos causados; nesse caso, não basta apenas esforço ou fé – estamos falando de dependência física por uma substância química.
Tendo isso em vista, pergunto: uma pessoa assim merece ir para a cadeia? Tem tanta gente desviando dinheiro público e que vai continuar recebendo pensão até o fim da vida, corruptos maquiando gastos, colocando usurpadores no poder, e erroneamente aclamados como heróis; enfim, tem tanta gente que merece a prisão e vai ficar livre...
Viciados precisam é de tratamento, não de punição.