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quinta-feira, 23 de junho de 2011

Numa folha qualquer




Sabe, ser um pedaço de papel não é fácil. Você pode achar que é só ficar mole por aí, sentindo um monte de mãos te pegando e te passando para lá e para cá. Se eu fosse um contrato, por exemplo, talvez não me importasse tanto – afinal, eles são tratados com tanto carinho!

Mas não, eu sou um santinho de épocas eleitorais.

A cada dois anos, um monte de candidato a sabe-se lá quantas cadeiras não sei onde manda uma gráfica imprimir milhares de cópias com a cara de alguém estampada e uma frase bem tosquinha escrita. Cada um dos meus irmãos será entregue a uma pessoa diferente que, na certa, vai amassar e jogar fora o papel. Isso quando não nos rasgam.

Um amigo meu é que teve sorte: foi pego por uma senhorinha que estava de mudança para o Ceará e precisava embrulhar uns bonequinhos (sim, ele encapou os benditos). Por isso hoje deve estar guardado/jogado no sótão da casa, em um canto bem escuro. Mas fico feliz. Pelo menos não está emporcalhando as ruas, sujando carros e enfeiurando cidades. Colocam a culpa em nós como se fôssemos responsáveis por alguma coisa; mas com o sujeito que manda imprimir não acontece nada, né? Aliás, ninguém deve saber quem foi, porque é tão difícil identificar um nome no santinho...

Aliás, que má-educação a minha, nem me apresentei! Tenho duas graças imortalizadas à tinta: Celino e Walter Feldman. E, infelizmente, eu estou largado no chão de uma avenida...

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O final pode ter soado estranho, mas nada que uma pesquisa no Google não resolva ;)

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