Nada como um assunto polêmico pra começar bem a semana, né? E, aproveitando a realização da Parada Gay em São Paulo, achei interessante colocar um assunto bastante em voga atualmente e que causa, no mínimo, muita discussão: homossexualidade.
Não penso caber aqui analisar se ser gay/lésbica é certo ou errado, pois isso varia muito de pessoa para pessoa – depende da religião, dos costumes, do lugar em que nasceu, da idade. Mas vale colocar como essa opção é vista pela sociedade e quais os seus limites, se há.
Antes, uma pequena introduçãozinha: a partir do século XVII, mais precisamente em 1642, com a publicação do livro “O Leviatã” (Thomas Hobbes), os teóricos políticos começaram a pregar a separação entre Estado e Igreja (leia-se religião), por um simples motivo: é a sociedade civil que deve colocar uma pessoa no poder, através do que hoje conhecemos como eleições, em um pacto no qual abdica-se de certos direitos naturais para poder viver civilizadamente e em paz. Posteriormente, John Locke, com os “Dois Tratados sobre o Governo”, vem afirmar de vez essa nova ideologia, mais fortemente que o seu antecessor. Até essa época, o Clero católico tinha importância fundamental na escolha dos reis, uma vez que se dizia ser a “vontade de Deus” nomear determinada pessoa como chefe do Estado.
Hoje, realmente há essa separação, ao menos no Ocidente. Na própria Constituição Federal brasileira consta que o Estado não deve impor nenhuma ideologia ou embaraçar as já existentes (quem quiser saber mais, Art. 19). Toda a volta para dizer o seguinte: nas discussões relativas a assuntos próprios de uma sociedade civil, em que a religião e o Estado são distantes entre si, não se pode utilizar argumentos religiosos.
A intolerância que os homossexuais enfrentam é proveniente exatamente dos ideais pregados por cada doutrina, geralmente baseados na Bíblia, que deixa bem claro ser a união entre homem e mulher a única correta. Mas, considerando o parágrafo acima, temos que analisar o tema por outro ângulo: uma pessoa, quando nasce, não é mais que só e apenas um ser humano, já embutido de direitos e deveres. Entre esses direitos está o da liberdade. Oras, se você é livre para pensar o que bem entender, por que não pode escolher se casar (ao menos no civil) com um outro do mesmo sexo? Se, conforme a nossa Constituição, somos todos iguais perante a Lei, sem juízo de valores, por que o “casal” homossexual não pode adotar uma criança? Existiria diferença? Obviamente que não.
O País já caminha na direção de uma sociedade um pouco mais igualitária, e grandes passos já foram dados, mas ainda há bastante chão pela frente. O único obstáculo que temos a driblar, e o mais difícil, é aquele que está dentro da cabeça dos indivíduos. Passando por ele, alterar a Constituição, já obsoleta e mais velha que grande parte da população, será uma tarefa tranquila.
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Aliás, é bom saber que o pessoal que frequenta o Blog tem a cabeça aberta: 100% (2 pessoas, batendo recorde até agora!!) respondeu que é a favor da união civil entre homossexuais!
PS: muito obrigado à Prof. Karina, melhor professora de História, pelo apoio na correção do texto!!!
A intolerância à opção sexual do Outro (seja ele quem for) demonstra a intolerância sobre a qual reside a nossa civilização ocidental tão autoproclamada guardiã da liberdade! Percebemos com essa discussão que o princípio da ALTERIDADE não está na base de nosso pensamento enquanto cidadãos. Mas acima de tudo, não defendemos o princípio básico da humanidade... ser feliz. O que REALMENTE importa é ser feliz! E se nossa tranquilidade e paz se incomodam com a felicidade do Outro é porque nosso próprio mundinho é por demais frágil. É isso aí Caio... respeito à pessoa humana, à opinião alheia, pois como dizia Voltaire: "Posso não concordar com uma só palavra do que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-las!" Salve a liberdade verdadeira, sem as amarras da hipocrisia!
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